terça-feira, 1 de maio de 2012

tartarugas marinhas

A Descoberta das Tartarugas nos Açores
No passado, as tartarugas nos mares dos Açores eram um segredo dos pescadores. Eles encontravam-nas nadando à superfície do oceano e, por vezes, capturavam-nas para servirem de alimento ou para ornamentação.
O primeiro cientista a interessar-se pelas tartarugas dos Açores foi o Príncipe Alberto I do Mónaco. Este Príncipe/Cientista explorou os mares dos Açores com os seus iates no fim do século passado e no princípio deste. Muito mais tarde, o cientista holandês Brongersma e o norte-americano Archie Carr questionaram-se acerca da origem das tartarugas que ocorriam nos Açores. Isto depois de terem verificado que não existiam praias de nidificação neste Arquipélago. Começaram por "brincar" com a ideia de que as tartarugas dos Açores seriam transportadas pelo giro do Atlântico Norte. Ain seriam transportadas pelo
nos anos 70, Brongersma apontou para a necessidade de se fazer um programa de marcação de forma a descobrir a proveniência destes organismos. Apenas em 1982 foi possível iniciar este Programa.


A Descoberta das Tartarugas nos Açores
No passado, as tartarugas nos mares dos Açores eram um segredo dos pescadores. Eles encontravam-nas nadando à superfície do oceano e, por vezes, capturavam-nas para servirem de alimento ou para ornamentação.
O primeiro cientista a interessar-se pelas tartarugas dos Açores foi o Príncipe Alberto I do Mónaco. Este Príncipe/Cientista explorou os mares dos Açores com os seus iates no fim do século passado e no princípio deste. Muito mais tarde, o cientista holandês Brongersma e o norte-americano Archie Carr questionaram-se acerca da origem das tartarugas que ocorriam nos Açores. Isto depois de terem verificado que não existiam praias de nidificação neste Arquipélago. Começaram por "brincar" com a ideia de que as tartarugas dos Açores seriam transportadas pelo giro do Atlântico Norte. Ainda nos anos 70, Brongersma apontou para a necessidade de se fazer um programa de marcação de forma a descobrir a proveniência destes organismos. Apenas em 1982 foi possível iniciar este Programa.

Foi o Sr. João Carlos Fraga, um natural da cidade da Horta com um interesse especial pela natureza, que me mostrou uma tartaruga pela primeira vez. Visto ser Nórdica, eu nunca tinha visto uma tartaruga marinha viva e ao vivo. Encontrava-me a trabalhar para o Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores e de imediato senti vontade de investigar este grupo de animais.
Descobrimos, para nossa surpresa, que um Mariense (natural da Ilha de Santa Maria) já tinha começado, em conjunto com o seu grupo de "Jovens Naturalistas", a marcar tartarugas. Este naturalista amador, de nome Dalberto Pombo, partilhou as suas marcas connosco. O Sr. Fernando Serpa, hoje Comandante do Navio de Investigação "Arquipélago", ajudou-me a marcar as minhas primeiras tartarugas. Nos dois primeiros anos de Programa apenas marcámos quatro indivíduos. No ano seguinte, já conseguimos marcar 41 tartarugas. Nesse mesmo ano, 1984, contactámos a instituição científica que tinha enviado as marcas para Santa Maria. As marcas tinham impresso “Dept.Biol. U.F. Gainesville USA” que é o acrónimo de "Departamento de Biologia da Universidade de Florida, Estados Unidos da América". Este era o local onde trabalhava Archie Carr. Este cientista ficou encantado por saber que também estávamos empenhados em marcar e enviou-nos, não apenas marcas, mas também dinheiro para servir de gratificação aos pescadores que entregassem tartarugas no DOP.

"O Ano Perdido"

A seguir surgiu o primeiro "momento da verdade". Enviámos as medições de carapaças realizadas em paralelo com as marcações para o Archi
e Carr. Ele sobrepôs esta informação no histograma de comprimentos, por ele obtido nas costas dos Estados Unidos, e o resultado fê-lo pegar no telefone e ligar-me imediatamente. Há anos que ele falava no "ano perdido". As tartarugas nasciam nas praias da Florida, mas os pequenos
indivíduos desapareciam pouco depois. Apenas os jovens adultos com 50-55cm de comprimento de carapaça reapareciam. A sua localização durante este período intermédio era um mistério. Os resultados enviados pelo DOP acentavam mesmo na falha do histograma. Não admira que o Archie Carr estivesse entusiasmado !

Descobrimos, para nossa surpresa, que um Mariense (natural da Ilha de Santa Maria) já tinha começado, em conjunto com o seu grupo de "Jovens Naturalistas", a marcar tartarugas. Este naturalista amador, de nome Dalberto Pombo, partilhou as suas marcas connosco. O Sr. Fernando Serpa, hoje Comandante do Navio de Investigação "Arquipélago", ajudou-me a marcar as minhas primeiras tartarugas. Nos dois primeiros anos de Programa apenas marcámos quatro indivíduos. No ano seguinte, já conseguimos marcar 41 tartarugas. Nesse mesmo ano, 1984, contactámos a instituição científica que tinha enviado as marcas para Santa Maria. As marcas tinham impresso “Dept.Biol. U.F. Gainesville USA” que é o acrónimo de "Departamento de Biologia da Universidade de Florida, Estados Unidos da América". Este era o local onde trabalhava Archie Carr. Este cientista ficou encantado por saber que também estávamos empenhados em marcar e enviou-nos, não apenas marcas, mas também dinheiro para servir de gratificação aos pescadores que entregassem tartarugas no DOP.

Este cientista já tinha pensado na hipótese de as pequenas tartarugas chegarem ao outro lado do Atlântico. Elas podiam ser transportadas na Corrente de Golfo depois seguirem pela Corrente dos Açores que as levaria para sul passando pelos Açores, Madeira e Canárias, tal qual uma garrafa que se utilizava para estudar as correntes. O Archie Carr chegou a publicar a sua teoria pouco antes de falecer, em 1987.
Dois alunos do Archie Carr, Karen Bjorndal e Alan Bolten ficaram a tomar conta da sua herança. O Estado da Florida criou um Centro com o seu nome, "Archie Carr Center for Seaturtle Research", e a Karen foi nomeada sua Directora. O Alan chegou à Horta pela primeira vez em 1989 e continua a visitar-nos todos os anos.
O Progama continuou e em 1990 pedimos cooperação da frota atuneira do Faial e do Pico. Nesse ano os pescadores marcaram 298 tartarugas e no ano seguinte 326. Os resultados chegaram pouco e pouco. O primeira travessia transatlântica foi documentada em 1994: uma tartaruga marcada pelo atuneiro “Monte do Pico” no dia 18 de Junho de 1991 foi apanhada em Cuba no dia 26 de Fevereiro de 1994!  A seguir chegaram notícias de recapturas de tartarugas marcadas nos Açores, na Carolina do Norte, Nicarágua e Florida. Também foram recapturadas tartarugas marcadas no outro lado do Atlântico: uma entrou no Mediterrâneo e foi apanhada na Sicília, outra a Sul da Espanha, no Atlântico, perto de Gibraltar. Até 1999, das 1837 tartarugas capturadas, medidas, marcadas e libertadas, 15 foram recapturadas. As medidas registadas servem para calcular o crescimento quando as tartarugas mais tarde são recapturadas.
As técnicas desenvolveram-se e no princípio dos anos 90 começamos a tirar amostras de sangue para estudos genéticos em cooperação com o "Archie Carr Center for Seaturtle Research". O padrão do movimento das tartarugas do Atlântico Norte foi confirmado através da comparação com as sequências de DNA mitocondrial das populações que nidificam no Atlântico Oeste (Brasil e América do Norte) e no Mediterrâneo. O resultado mostrou que praticamente todas as tartarugas têm origem na zona Sudeste dos Estados Unidos da América. Hoje em dia já não usamos sangue, apenas retiramos um pequeno fragmento de pele do pescoço, fazendo para isso uma pequena biópsia.
Outro estudo interessante que se tem desenvolvido na última década, é a investigação das rotas das tartarugas usando transmissores. Estes dispositivos são colocados na carapaça das tartarugas e enviam informações para os computadores dos cientistas via satélite. Mas não são apenas as rotas das tartarugas que podem ser estudadas desta forma. Os novos transmissores também fornecem  informações relativas à profundidades dos mergulhos das tartarugas, à temperatura da água e à ve
locidade e direcção das correntes. A informação sobre a velocidade e direcção das correntes superficiais será utilizada para determinar se as tartarugas se movem com, contra, ou aleatoriamente em relação às correntes oceanográficas preponderantes.
Este cientista já tinha pensado na hipótese de as pequenas tartarugas chegarem ao outro lado do Atlântico. Elas podiam ser transportadas na Corrente de Golfo depois seguirem pela Corrente dos Açores que as levaria para sul passando pelos Açores, Madeira e Canárias, tal qual uma garrafa que se utilizava para estudar as correntes. O Archie Carr chegou a publicar a sua teoria pouco antes de falecer, em 1987.
Dois alunos do Archie Carr, Karen Bjorndal e Alan Bolten ficaram a tomar conta da sua herança. O Estado da Florida criou um Centro com o seu nome, "Archie Carr Center for Seaturtle Research", e a Karen foi nomeada sua Directora. O Alan chegou à Horta pela primeira vez em 1989 e continua a visitar-nos todos os anos.
O Progama continuou e em 1990 pedimos cooperação da frota atuneira do Faial e do Pico. Nesse ano os pescadores marcaram 298 tartarugas e no ano seguinte 326. Os resultados chegaram pouco e pouco. O primeira travessia transatlântica foi documentada em 1994: uma tartaruga marcada pelo atuneiro “Monte do Pico” no dia 18 de Junho de 1991 foi apanhada em Cuba no dia 26 de Fevereiro de 1994!  A seguir chegaram notícias de recapturas de tartarugas marcadas nos Açores, na Carolina do Norte, Nicarágua e Florida. Também foram recapturadas tartarugas marcadas no outro lado do Atlântico: uma entrou no Mediterrâneo e foi apanhada na Sicília, outra a Sul da Espanha, no Atlântico, perto de Gibraltar. Até 1999, das 1837 tartarugas capturadas, medidas, marcadas e libertadas, 15 foram recapturadas. As medidas registadas servem para calcular o crescimento quando as tartarugas mais tarde são recapturadas.
As técnicas desenvolveram-se e no princípio dos anos 90 começamos a tirar amostras de sangue para estudos genéticos em cooperação com o "Archie Carr Center for Seaturtle Research". O padrão do movimento das tartarugas do Atlântico Norte foi confirmado através da comparação com as sequências de DNA mitocondrial das populações que nidificam no Atlântico Oeste (Brasil e América do Norte) e no Mediterrâneo. O resultado mostrou que praticamente todas as tartarugas têm origem na zona Sudeste dos Estados Unidos da América. Hoje em dia já não usamos sangue, apenas retiramos um pequeno fragmento de pele do pescoço, fazendo para isso uma pequena biópsia.
Outro estudo interessante que se tem desenvolvido na última década, é a investigação das rotas das tartarugas usando transmissores. Estes dispositivos são colocados na carapaça das tartarugas e enviam informações para os computadores dos cientistas via satélite. Mas não são apenas as rotas das tartarugas que podem ser estudadas desta forma. Os novos transmissores também fornecem  informações relativas à profundidades dos mergulhos das tartarugas, à temperatura da água e à ve
locidade e direcção das correntes. A informação sobre a velocidade e direcção das correntes superficiais será utilizada para determinar se as tartarugas se movem com, contra, ou aleatoriamente em relação às correntes oceanográficas preponderantes.
Tartaruga com transmissor via satélite colocado na carapaça, momentos antes da libertação.
Este transmissor separar-se-á automaticamente da tartaruga após o período de rastreio.
Foto: RS Santos (c) ImagDOP
Movimento das tratarugas (linha preta) e batimetria,
desde a sua libertação no Outono de 1998

até Fevereiro de 1999.
Ao centro vê-se a crista médio Atlântica e a micro-placa dos Açores.
Mapa: Brian Riewald
   
Tartarugas em Perigo !
Todas as tartarugas marinhas estão classificadas como "Espécies em Perigo". Estes animais arcáicos, que já existiam no tempo dos dinossauros, encontram muitos perigos no nosso tempo moderno. No estado oceânico das tartarugas, um perigos é o lixo que flutua na superfície do mar. A sua alimentação normal consiste, em grande parte, de águas-vivas ou alforecas e, infelizmente, as tartarugas não conseguem distingui-las do lixo flutuante e por isso engolem, plásticos, esferovite, alcatrão e outros. Os poluentes ingeridos bloqueam o sistema digestivo e o animal morre. Outro perigo é a mortalidade por pesca. Nos Açores não são usadas redes de arrasto que matam muitas tartarugas noutros mares, mas na última década desenvolveu-se aqui a pesca de espardarte e tubarão com palangre derivante. O aparelho é iscado com cavala ou lula e as tartarugas atraídas pelo isca engolem o anzol. Os pescadores cortam a linha e lançam a tararuga ao mar, geralmente ainda com o anzol na boca, na garganta ou no esófago, e não sabemos quantas morrem. Também acontece a tartaruga ficar embrulhada na linha e não conseguir chegar a superfície, morrerendo afogada.

Este ano irá decorrer uma experiência que visa diminuir a apanha acidental de tartarugas. Um navio palangreiro vai ser contratado para pescar com três tipos de anzóis e determinar se estes têm influência na captura de tartarugas. Outras variáveis a testar, serão a qualidade da isca e a profundidade do aparelho. Dois biólogos do DOP irão acompanhar a experiência a bordo do navio palangreiro. Esta experiência tem interesse para outros locais do mundo e, também por isso, os fundos são concedidos pelo National Marine Fisheries Service, EUA e são geridos pelo Alan Bolten e por dois investigadores do DOP.

Felizmente há numerosas organizações e projectos que tentam salvar as tartarugas da extinção !
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Tartarugas observadas nos Açores

Tartaruga-boba ou Tartaruga-careta  (Caretta caretta)
Esta é a espécie mais comum em águas açoreanas e é o objecto central dos nossos estudos (ver texto). A tartaruga-boba, assim, como todas as espécies de tartarugas marinhas, encontra-se protegida desde 1979
pela Convenção Relativa à Protecção da Vida Selvagem e do Ambiente Natural da Europa, vulgarmente denominada  “Convenção de Berna”.

Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)
A tartaruga-de couro é a maior de todas as tartarugas marinhas. Um animal adulto pesa em média 360 kg e possui uma carapaça com cerca de 1.6 m de comprimento, podendo atingir 3 m de comprimento total, ou seja, da ponta do bico até à extremidade da cauda. São grandes mergulhadoras, podendo descer aos 1000 m de profundidade. Ocorrem nos Açores quase todos os anos, sendo por vezes, infelizmente, encontradas afogadas embrulhadas em redes de pesca perdidas.

Tartaruga-verde (Chelonia mydas)
A seguir à tartaruga-de-couro, esta é a maior tartaruga marinha. Em média o comprimento da carapaça das fêmeas que nidificam na Florida é de 1 m. O seu nome comum tem origem na cor da sua gordura. Em certas regiões do mundo, a sopa feita com a sua carne é muito apreciada, o que tem levado a um declínio acentuado das suas populações. Nos Açores a sua ocorrência é ocasional. Mergulhadores com escafandro autónomo encontram-nas por vezes dormindo no fundo do mar.
Tartaruga-de-escamas (Eretmochelys imbricata)
Por possuir um bico forte em forma de gancho, esta tartaruga é também chamada tartaruga-bico-de-açor (do nome Inglês “hawksbill”). Possui também uma carapaça  distinta das restantes tartarugas, formada por belas escamas, grossas e imbricadas. Na realidade, a procura destas escamas, desde há séculos usadas para o fabrico de jóias e artefactos diversos, tem sido a causa do declínio apresentado pelas populações desta espécie. É a mais tropical das tartarugas e só se conhecem três registos da sua ocorrência nos Açores. Um exemplar está no  Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, desde tempos antigos e, para minha grande surpresa, numa visita nas Flores, em 1987, descobri uma carapaça de tartarugas-de-escamas pendurada na parede da sala dum pescador. Tinha sido apanhada em 1982, explicou-me o senhor. Mais tarde em Outubro 1998, um jovem que estava fazer caça submarina em apneia apanhou uma fora da Espalamaca, perto do Porto da Horta, que foi marcada e devolvida ao mar.

Tartaruga-de-Kemp (Lepidochelys kempi)
Esta é a mais pequena das tartarugas marinhas. Todas as fêmeas de tartarugas-de-Kemp escavam os seus ninhos no Mexico, 95% na pr
aia do Rancho Nuevo, onde em 1947 contaram 40.000 exemplares. Vinte anos mais tarde restavam apenas 2000. A recolha de ovos para fins gastronómicos foi a principal causa de declínio. Esta é a mais ameaçada das tartarugas marinhas. Nos Açores apenas existem dois registos de
ocorrência desta espécie. O primeiro encontra-se no Museu Oceanográfico do Mónaco e foi apanhada nas Flores em 1913 e oferecida pelo Coronel Afonso Chaves. Tinha  só 10 cm de comprimento da carapaça. O segundo exemplar, com 22 cm, foi recolhida por um pescador a Sul da Ilha do Pico em 1989. Foi entregue no DOP, onde foi medida, marcada e libertada.
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(caixa)
Ligações internet sobre tartarugas
Página da Universidade da Madeira com diversas informações sobre tartarugas marinhas. Está bem organizada, é útil e em Português: http://www.uma.pt/sbmo/life/body_index.html
Archie Carr Center for Turtle Research. Página sobre estudo
s avançados em tartarugas
Turtle Trax. Página de defesa das Tartarugas Marinhas. Excelente para projectos de educação ambiental: http://www.turtles.org/
Cayman Turtle Farm Website. Tudo o que há para saber sobre o estudo das tartarugas nas
ctos de educação ambienta: http://www.turtle.ky/
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(caixa)
História da vida da tartaruga-boba (Caretta caretta)
Depois das tartarugas juvenis viajarem ao sabor das correntes do Atlântico Norte durante cerca de uma década, algo as faz voltar para o seu local de nascimento. Neste momento já têm uma carapaça com cerca de 50 a 60 cm. De volta ao Atlântico Ocidental, na Florida por exemplo, elas adoptam um tipo de vida diferente em águas de baixa profundidade junto à costa, alimentando-se de carangueijos e moluscos.
Passarão aqui o resto das suas vidas. Só quando tiverem atingido os trinta anos (carapaça com 90cm) estarão maturas o suficiente para se reproduzirem. Num certo Verão, de noite, arrastam-se lentamente para as dunas por cima da linha de maré alta. A fêmea pesa mais de 100 kg e em terra não se movimenta facilmente. Depois de ter seleccionado o lugar para o seu ninho, ela começa a escavar uma cova para o corpo, usando as barbatanas dianteiras. Só parará quando o seu corpo ficar abaixo da superfície da areia. Depois, ela constrói a câmara para o ninho, usando apenas as barbatanas traseiras. Terminando a construção do ninho, em forma de urna e com cerca de 60 cm de profundidade, ela põe cerca de 120 ovos brancos que quase parecem bolas de ping-pong. De seguida, cobre o ninho e a cova do corpo e regressa ao mar. O processo dura cerca de uma hora. Durante a estação de nidificação, cada fêmea faz cerca de três ninhos e outras tantas posturas, com intervalos de duas semanas. Terminada a estação a tartaruga apenas voltará a fazer ninho depois de três ou quatro anos. Quando chegar o momento de nova postura, a fêmea fá-la-á no mesmo local. Como é que ela se orienta e encontra exactamente o mesmo local é ainda um dos maiores mistérios para os cientistas.

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Foto: A Bolten (c) ImagDOP.
Cerca de 60 dias mais tarde, os ovos abrem-se e as tartarugas bébés com 5 cm de comprimento, abandonam o ninho, rastejando praia abaixo para a rebentação. Nandando para fora, são apanhados pela Corrente de Golfo. Passado algum tempo, as tartarugas devem sair do Corrente de Golfo e entram no sistema giratório do Atlântico Norte que levarão este jovens até às águas do arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias, onde nós temos oportunidade estudar estes inesquecíveis animais.
Depois da saída do ninho (imagem à esquerda) há diversos perigos à espera das pequenas tartarugas
,
como caranguejos (imagem central) e aves marinhas, até chegarem ao mar (imagem à direita).
Fotos: A Bolten (c) ImagDOP.
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Biografia
Helen Rost Martins, nascida na Noruega, foi co-fundadora Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores em 1976 e onde hoje é Investigadora Principal. Os seus trabalhos, publicados nas revistas da especialidade ao longo de décadas de investigação, versam temas tão diversos como por exemplo: alimentação de cetáceos, biologia de crustáceos e cefalópodes ou migrações de tartarugas. É uma defensora implacável das tartarugas e faz parte do "Marine Turtle Specialist Group" da União Internacional para a Conservação da Natureza.
                                       






















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